Ele se levantou, colocou a taça na mesa ao lado do sofá soltou um suspiro de satisfação e começou a falar sobre coisas. Coisas que aconteceram em um passado: uma cadeia estadual, uma cela lotada, sofrimento, anos sem uma visita sequer... E coisas que aconteceram em um passado distante: um olhar, uma paixão de escola, um encontro, um namoro.
Isso fora suficiente para fazê-la lembrar de seu passado há muito esquecido. Ele, foi seu primeiro namorado. Era uma tarde de inverno, faziam um trabalho de quimica que ficou pronto bem antes do esperado. A casa estava vazia, e ficaria assim por mais três horas. Um abraço se tornou um beijo e esse beijo foi o caminho para a entrega... e em pouco tempo os dois estavam nus, explorando o corpo um do outro como dois vampiros sugando sangue novo. A inexperiência e o medo não os impediram de se entregar ao desejo e ao amor. Aconteceu ali mesmo, na sala de estar da casa dele. Um momento único de paixão, entrega e saciação. Ela, saiu da casa dele mulher, mais apaixonada e com a certeza do desejo de passar o resto da sua vida ao lado dele. Mas essa não foi a visão de seus pais, que fizeram com que aquele momento especial se tornasse um pesadelo. Seu pai falou que ela fora estuprada, e ela nada negou. Todos acreditaram. Ele, foi condenado ao cárcere, e ela, a consultas com um psicólogo para amenizar o "trauma". Agora sabia o porque de estar passando por aquilo... a sede que ele tinha não era de seu sangue, era de vingança.
Ele tocou seu rosto frio e suado, falou de como sua beleza não havia mudado, de como seu corpo continuava lindo e desejável... Falou que nesta noite ela iria passar por tudo que ele passou nos anos em que esteve na cadeia. Rapidamente ele se despiu. Começou a acaricia-la com mais desejo, passando suas grossas mãos por seus fartos e delicados seios. Ela sentiu nojo de si e dele, pediu inúmeras vezes para ele parar, mas isso apenas o motivou a continuar. Há quanto tempo estava sem tocar um corpo macio de mulher? Desejava aquilo desde o dia em que planejou sua vingança. Aquela era a hora do predador se deliciar com sua presa. Estava em cima dela. O fato dela estar amarrada só aumentava seu prazer. Ela estava chorando, implorando para ele parasse com aquilo. Ele deu um tapa em seu rosto e falou que estava apenas fazendo o que ela disse, cometendo o crime que o fez ir para a cadeia. Ele chegou no ápce do prazer, percebeu o quão bom era fazer aquilo.
Ela, continou chorando...
Agora, já vestido, falou para ela que iria faze-la sentir todos os sofrimentos que ele sentiu quando estava na cadeia. Com um pedaço de silver tape a amordaçou, pegou um alicate que estava posicionado na ponta da mesa e começou a arrancar-lhe as unhas, falando que cada uma representava as torturas sofridas por ele na cadeia. Seus gritos de dor foram abafados pela fita, mas seus olhos mostravam o quanto doía. Quando terminou, haviam dezessete unhas no carpete manchado de sangue. Para não infeccionar ele pegou um balde de alcool e mergulhou suas mãos e pés. Ele disse que se preocupava com sua saúde.
A única coisa em que ela conseguia pensar era no quanto queria morrer. Desejava isso profundamente... Seus pensamentos foram interrompidos pelo fino corte de uma lâmina, uma dor aguda passou por todo seu corpo e foi traduzido por uma lágrima que escorreu pelo seu rosto. O que era aquilo agora?! Sentiu outro corte em sua perna esquerda, e outro, e outro. Ele então parou e disse: "-Isso minha querida, são pelos dias que passei na cadeia" - o horror ficou claro em seu rosto - "ainda faltam dois mil cento e oitenta e seis cortes... olha que interessante faltam exatamente três horas para o nascer do sol. Temos tempo de sobra para fazer o que quisermos." Nesse momento ele a beijou nos lábios e continuou a corta-la.
O carpete estava escarlate por ter absorvido o sangue que escorria dos pequenos cortes. Seu corpo todo ardia... ela não suportava mais aquilo. "Será que ele não vai parar?" - pensou. Ele lentamente se afastou de seu corpo, foi até o bar e preparou outro martini. Olhou o relógio, faltava menos de meia hora para o sol iluminar aquela luxuosa sala de estar. Ele pegou a taça de martini, sentou-se no sofá e bebeu observando o que ele considerava ser uma obra de arte viva. Terminada a bebida, ele se levantou e se aproximou dela, olhou no fundo de seus olhos castanhos, falou algo que ela não conseguiu entendeu, estava quase desmaiando... Ele pegou o balde de álcool e jogou o líquido por seu corpo. A dor extrema a fez se contorcer despertar. Ele disse que estava na hora de ir... que adorou as horas de diversão. Ela olhou para ele pedindo piedade, ele virou para ela e disse: "Espero que alguém sinta sua falta e venha à sua procura, seria uma pena você morrer agora e dessa maneira...".
E lá ela ficou, amarrada em uma maca com um tecido não mais imaculado, nua, com o corpo sangrando, sentindo uma dor que nunca havia sentindo antes, torcendo para que alguém a resgatasse. Aos poucos foi perdendo a força que havia restado, então, seus olhos se fecharam enquanto o sol nascia.
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